Esta coleção de carros brasileiros dos anos 70 e 80 ficou anos esquecida em uma chácara em São Paulo
4 NOVEMBRO, 2015 286 COMENTÁRIOS
Não é a primeira vez que vamos dizer isto, mas em todo caso: é fato que, para muitos entusiastas, carros considerados “comuns” são plenamente capazes de exercer um fascínio tão grande quanto um superesportivo ou exótico — ou até maior, dependendo do contexto. Por exemplo, para um fã dos Volkswagen a ar, não seria incrível encontrar um exemplar intacto, pouco rodado e à venda de um Fusca, Brasilia ou Variant?
Pois, de tempos em tempos, isto acontece — basta lembrar da concessionária fantasma de Estrela, no Rio Grande do Sul: seu dono fechou o lugar em 2001, com todos os carros e toda a estrutura lá dentro, e visita o lugar todos os dias desde então, em horário comercial. De vez em quando ele vende algumas peças do seu estoque e se recusa a vender a maioria dos carros, não importa o tamanho da oferta. A história ganhou notoriedade no início do ano passado e, de tempos em tempos, ainda ressurge nas redes sociais.
No entanto, a concessionária de Estrela fica no meio da cidade, todos os moradores do lugar sabem onde ela fica, e é possível visitá-la pelo Google Street View. E isto é raro — normalmente, estes tesouros sobre rodas ficam em lugares afastados, como fazendas ou depósitos; ou escondidos atrás de portões de residências. Na história de hoje, o caso é exatamente este.
Trata-se de uma chácara no interior de São Paulo, região de São José dos Campos. O local é relativamente afastado da zona urbana e, por isso, talvez ainda ficasse escondido por anos se não fosse por Julio Camargo, conhecido no meio como Julio Raridades. Ele é um caçador de raridades — um daqueles caras que sempre estão procurando carros raros, antigos ou as duas coisas, que estejam bem conservados e ofereçam potencial para negociações.
Como tal, Julio sempre recebe indicações de possíveis tesouros escondidos — todo mundo conhece uma história sobre alguém que mantém um carro antigo guardado há anos na garagem, ou até uma frota inteira deles. E, às vezes, estas histórias são reais. E foi recebendo dicas que, no início de 2014, Julio soube da propriedade que, supostamente, guardava uma coleção de carros das décadas de 1970 e 1980, parados havia muitos anos em perfeitas condições.
É o tipo de coisa que acelera o coração de qualquer fã de carros, e naturalmente Julio começou a juntar informações a respeito. Foram alguns meses de procura até que ele conseguiu chegar a um nome, um número de telefone e um endereço. Era o que ele precisava para, em setembro do ano passado, fazer uma visita à propriedade. Por questão de segurança, o endereço e o nome do dono continuam em segredo.
De qualquer forma, isto é só um detalhe. E você não vai precisar saber exatamente onde fica o lugar para admirar o que existe lá: carros que foram comprados novos, acumulados ao longo dos anos e que rodaram muito pouco. A maioria deles só teve um ou dois donos e continuará assim.
Não é uma coleção gigantesca, e não há um galpão ou depósito: todos os carros estão parados ao redor da casa de hóspedes da propriedade, que também conta com uma casa principal muito maior. São modelos relativamente comuns de se ver nas ruas, mas raramente em um estado tão bom: VW Fusca, Brasilia, Variant e Gol BX (todos com motor refrigerado a ar), Ford Corcel II e Del Rey e um Chevrolet Chevette.
Também estavam ali dois carros mais raros — um Renault Gordini e um DKW Candango, versão brasileira do utilitário alemão DKW Munga produzida sob licença no Brasil pela Vemag.
Todos os carros estão virtualmente impecáveis — quase não há sinais de marcas do tempo. E a quilometragem, como de se esperar, é bem baixa em todos eles: fabricada em 1974, a Brasilia rodou apenas 15.790 km em 41 anos de existência.
Sua “irmã”, a Variant, é dois anos mais velha, e foi comprada pelo dono e sua esposa para comemorar o nascimento da primeira filha do casal. Tem só 7.000 km rodados. Os plásticos ainda estão nos bancos.
Agora, infelizmente, quase toda história sobre carros parados no tempo envolve um acontecimento triste. E esta não é exceção: desde 2008, quando a mãe do proprietário morreu, a chácara deixou de ser frequentada pela família e os carros ficaram lá, parados, sob capas.
Dá para ver que o dono até se preocupou com a ação que o tempo tem sobre os carros, tomando o cuidado de deixar alguns deles sobre cavaletes — medida que ajuda a reduzir os danos aos pneus e ao sistema de suspensão.
A princípio, nenhum dos carros seria vendido. No entanto, aos poucos, o dono percebeu que talvez este seja o melhor destino para eles. Com sorte, alguém vai comprá-los e cuidar deles como se deve. A dupla de Ford está atualmente à venda no site de Julio, e o mesmo destino aguarda os VW Fusca e Gol, além do DKW Candango. Os outros? Só o tempo dirá.
Fonte : FlatOut / Auto Z - Facebook
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